terça-feira, 20 de abril de 2010

Um passo, amigos e só mais uma partidinha.

Acordei nostálgico hoje... acho que é efeito colateral retardado de ontem, quando reorganizei meus arquivos antigos (fotos, logs, cartas).
Percebi que tanta gente passou na minha vida e que as considerava inseparáveis... e hoje não sei nem quem são, nem aonde moram, nem o que fazem da vida... decepcionante? Nem eu sei.
Pessoas são substituíveis... essa foi a minha dura constatação. Podem existir personalidades e características marcantes, mas no final do ato os atores sempre são diferentes.
Por outro lado, ao reler algumas cartas, rever desenhos e fotos, me peguei sorrindo e revivendo o passado... meus amigos, que um dia foram adolescentes loucos e incosequentes, hoje são funcionários públicos, estudantes universitários responsáveis... pessoas bem sucedidas. Acho que a seleção natural agiu bem.

Transcrevo aqui um trecho de carta que guardei na mochila:
"... e duvido muito que daqui a alguns anos, quando ler isso aqui, ainda teremos contato ou seremos tão amigos quanto hoje... mas tenho certeza de que quando te encontrar na rua vou poder te dar um abraço apertado e falar que te amo... que sinto saudade. A nossa amizade, que começou assistindo Dragon Ball e brincando de clube de luta evoluiu pra uma irmandade, uma cumplicidade no sentido mais puro da palavra."
E foi o que aconteceu.
Hoje esse amigo mora longe, tem a própria vida, esposa e casa. Mas toda vez que falo com ele no Skype é como se ainda tivéssemos 10 anos e curtíssemos as férias escolares. Discutindo sobre qual poder era mais forte, ou sobre o jogo de videogame que havia sido lançado.

E me questiono sobre a própria passagem do tempo na minha vida.
A alguns anos imaginava que quando tivesse 20, 25 anos seria um adulto como os outros... preocupado com tudo, sério, cisudo... que não seria mais inconsequente, que não teria mais paixões, que não jogaria videogame. Que não ia gostar mais de assistir desenhos, ou de sentar embaixo de um bloco pra jogar conversa fora... que não tocaria mais violão e comeria comida não-saudável...
Os anos passaram e isso nunca chegou... continuo o mesmo moleque, relapso, inconsequente. Que deixa de ir trabalhar cedo pra "terminar só mais essa partida de Resident Evil 5"... que pega o cartão do supermercado e vai comprar sorvete, macarrão e Doritos com a namorada, que gasta o final de semana quase todo instalando um jogo novo no computador e morre de rir com os mesmos desenhos que assistia quando criança.
E ao mesmo tempo me vejo crescido. Conquistando bens, materiais ou não. Tendo relacionamentos adultos, crescendo profissionalmente, aprofundando minha independência... e vendo tanta gente ficando pra trás... na mesma. Mudei minhas prioridades e só posso lamentar por quem não entende isso.
E sorrio sempre... pois vejo que meus amigos (mesmo) são os mesmos de anos e anos atrás (8? 10 anos?)... estando longe ou perto, e, muito provavelmente, serão por toda a vida. Pois amigos assim não se acha e nem se perde muito fácil.

(Inclusive abro um parêntese aqui pra pedir sinceras desculpas pelo meu absenteísmo... ando com muitos afazeres ultimamente e não tenho como dar a atenção que cobro de vocês)

Acho que acabei me perdendo em dois assuntos distintos (que previam posts separados), mas que acabaram se entrelaçando.
Resumindo essa sopa de idéias:

"Mãe... sabe que eu, muito provavelmente, não completo o ano em casa né?"
"É... sei."
"Vou sentir saudade da minha cama arrumada"
"O pior é que sei que é verdade..."
"O que? Que vou sentir saudade?"
"Não... que não vai mais arrumar a cama." 

Deu um nó na garganta. E, como sempre, soltei alguma piadinha sem graça pra evitar o choro.

Um comentário:

  1. Acho extremamente triste pensar nesse conceito de pessoas serem substituíveis, mas tenho que concordar, do contrário estaria sendo hipócrita. Quanto ao absenteísmo com amigos, é uma relação muito complicada, pelo menos eu tenho a sensação que nunca estou me doando o suficiente, nunca estou tendo tempo suficiente pras minhas amizades, por mais tempo que eu consiga usar. Acho que o importante é você estar presente na vida das pessoas em coisas simples como uma ligação ou um e-mail, mesmo quando a correria cotidiana não te deixa se fazer presente fisicamente...

    Nossa, imagino como deve ter ficado sua mãe quando você conversou com ela, pelo pouco que conheci dela, já vi que ela é bem sensível. A minha mãe puxou um papo desse tipo comigo, outro dia, perguntando se eu iria decidir morar sozinha se fosse bem sucedida em algum concurso :P hahaha.

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