terça-feira, 6 de abril de 2010

Drunk slide

Saio de casa, pego o ipod e os óculos... dois itens essenciais à minha sobrevivência no dia-a-dia urbano.
Coloco alguma música pra tocar e não presto muita atenção em qual é. Cubros os olhos com os óculos e finalmente se acostumam com a claridade do sol, que há dias não comparecia tão resplandecente no céu.
Encaro algumas pessoas na rua, amparado pelos óculos escuros, que evitam que elas vejam que as analiso. É engraçado como vejo todo e qualquer tipo de gente... o metrô é uma coisa democrática de fato.
Divido meu espaço com diretores de empresa, professoras, músicos, artistas de rua, funcionários públicos... pessoas bonitas, feias, caladas, simpáticas... sempre dentro da convenção social.
Eis que então começa... batida descompassada, voz estridente... ah, o funk brasileiro. Produto do culto à idiotice, da falta de oportunidade e sobra de pobreza de espírito. Um maldito celular interrompe a minha análise antropológica do metrô... tento até me concentrar, mas não é possível... gruda como uma praga, um câncer.
Aumento o volume do ipod e coloco "Pantera" na seleção de músicas... parece adiantar, mas quando dou por mim o indivíduo do celular aumenta ainda mais o volume da música, parecendo incomodar não só a mim, mas como à população inteira do metrô (ok, inteira não, só a parcela pensante). Me sinto desafiado.
Dimebag estourava meus tímpanos ao som de "I'm Broken" e a infernal batida continuava a poluir minha cabeça... já até esquecia as pessoas em volta... é, o Pantera não funcionou.
Confiei na fé, coloquei no random e passei a música.

Leio no visor:
"Drunk Slide - Dredg"

Começa uma batida inusual, fugindo completamente do 4:4.
Esqueço as pessoas, esqueço o funk, esqueço o metrô. Só lembro de ativar o repeat e deixar rolando...
Acordo ao som dos freios do metrô parando na estação final... ok, perdi meu ponto.
10 minutos a mais andando não é um grande problema... não com meus óculos e meu ipod.

Dredg - Exorcizando o Funk da face da Terra

Um comentário:

  1. Nossa, eu adoro analisar as pessoas na rua também, principalmente em momentos caóticos, tipo essas chuvas que tão tendo.

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