sábado, 19 de setembro de 2009

Você é o que ninguém vê

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, os segredos que guardou, vc é sua praia preferida, vc é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, vc é o que vc lembra.
Você é a saudade que sente da sua mãe, a infância que vc recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, vc é o que vc chora.
Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, os pedaços que junta, vc é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, vc é o que vc desnuda.
Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá.
Você é o que ninguém vê.

Tinha que postar isso aqui...

Um comentário:

  1. Mas o que sentimos uma vez não mais retorna. O que fizemos uma vez sobrevive apenas na repercussão causal e memória. Se buscamos relembrar o que sentimos apenas recriamos um sentimento novo com algo qualquer de carcaça meio-morna a tomar sepulcro em nossas lembranças. Se somos o que fomos e fizemos, e o que fomos não mais retorna, o que sobra? Reduzimo-nos a esse momentâneo contínuo, transitoriedade que não oferece chão para qualquer coisa de sólido achar base.

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